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Editora Tordesilhas

   

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Um teto todo seu, ensaio escrito por Virginia Woolf em 1928, é publicado pelo selo Tordesilhas

A edição conta com trechos do diário de Virginia, cronologia sobre a vida e obra da escritora e posfácio assinado por Noemi Jaffe.

 

Quase um século depois de Virginia Woolf ter escrito Um teto todo seu, Tordesilhas publica nova edição da obra, reafirmando a originalidade e a grandeza de uma perspectiva que ostenta características universais. O texto, baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, é uma reflexão sobre as condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária, tanto feminina quanto masculina.

A partir do tema “As mulheres e a ficção” Virginia abre três possibilidades interpretativas e desvenda seu imbricamento: as mulheres e como elas são, a ficção que é escrita sobre elas e a ficção que elas escrevem.

A escritora mostra que, historicamente, a elaboração da competência de um indivíduo dependia de seu sexo, uma vez que a sociedade reservava aos homens e às mulheres papéis, atribuições e concessões bastante distintas. Um exemplo que ela cita para ilustrar tal compreensão parte de uma suposta irmã de Shakespeare. Sendo ela tão genial quanto o irmão, quais as chances que ela encontraria na sociedade para desenvolver seu dom criativo? Qual seria o destino de mulher tão genial na Era Elisabetana?

Nesse sentido, discute o efeito da riqueza e da pobreza na mente. Os efeitos da tradição e da falta de tradição em um escritor. Indaga, onde estavam as mulheres quando a civilização fora erguida? Quando impérios caíram e se levantaram. Ou ainda: por que mulheres não escrevem ficção sobre os homens? Já os homens, por que esse fascínio pela mulher? Por que tantas afirmações sobre a natureza da mulher - para alguns, seres sagrados, para outros seres reles e degenerados? Como – de fato – são as mulheres? Aparentemente resignadas, legalmente inexistentes, mas quando retratadas pelos grandes escritores (como Shakespeare, Flaubert e Sófocles), vívidas. Paradoxo difícil de ser compreendido.

Para responder tantas perguntas, ou ao menos clareá-las, Virginia cria a alegoria do espelho, na qual a mulher figura em perspectiva reduzida, servindo ao homem como reflexo de sua superioridade. Relegar a mulher a uma posição inferior é afirmar uma superioridade que permite ao homem o livre exercício do poder.

Apenas em 1870 e 1882 foram aprovadas no Reino Unido leis que davam às mulheres casadas o direito de serem as proprietárias legais do dinheiro que ganhavam e de controlarem seus bens. Elas não tinham um teto todo seu.

Ao afirmar que uma mulher precisa de um teto todo seu e quinhentas libras por ano para poder se dedicar a escrita, Virgínia Woolf grita, contra todos os idealismos, que a genialidade não surge do nada. A poesia, as belas artes, precisam de terreno fértil, o que não se conquista com bifes e ameixas secas.

Se apenas é possível obter a verdade mostrando muitas variações do erro, Virginia é assertiva neste ensaio ao mostrar o erro que foi, por uma necessidade de autofirmação da superioridade masculina para a hegemonia patriarcal, relegar à mulher um papel secundário na sociedade, um papel doméstico, de mãe, filha e irmã. Dando eco à fantasia, como seria a história das mulheres e da ficção se Shakespeare fosse mulher?



Sobre a autora

Virginia Woolf nasceu na Inglaterra, em 1882. Filha de Leslie Stephen, editor da prestigiosa Cornhill Magazine, foi apresentada às letras ainda criança, instruída informalmente. Colaborou como Times Literary Suplement, foi membro proeminente do Grupo de Bloomsbury, formado por intelectuais e artistas britânicos no começo do século XX, e escreveu diversas resenhas e artigos. Em sua produção como romancista, constam títulos de valor literário excepcional como Mrs. Dalloway, Rumo ao farol e As ondas. Fundou junto com o marido, Leonard Woolf, a editora Hogarth Press, que publicou autores como T. S. Eliot. Em 1941, após anos de depressão, suicidou-se por afogamento.

Sobre o Tordesilhas
Revisitando os clássicos com criatividade, lançando autores consagrados de tradições literárias pouco ou nada conhecidas por aqui, buscando novos talentos, disponibilizando literatura de entretenimento sem perder de vista a qualidade, o TORDESILHAS oferece um catálogo nada convencional e persegue o apuro na produção de seus livros, aparatando as edições, fixando textos com rigor, convidando especialistas e tradutores renomados. Seu compromisso é com a sensibilidade curiosa e investigativa.


Um teto todo seu

Título original: A Room of One’s Own
Autor: Virginia Woolf
Tradutor: Bia Nunes de Souza
Preço: R$ 34,00
Páginas: 192
Editora Tordesilhas


 

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